Como minha formação acadêmica é professora, sinto-me confortável em trazer para as Amigas de Deus um estudo sobre um livro bastante interessante e conhecido por alguns como “o mais mal humorado da Bíblia”, ou seja, Eclesiastes…
Ele é composto por um total de 12 capítulos, cujo conteúdo dividiremos em 12 semanas em que tomaremos contato com seus ensinamentos enriquecedores, ao mesmo tempo que intrigantes, nos fazendo refletir sobre muitos aspectos da nossa vida…
Apresentando o livro e o pregador
Esse livro é considerado como tendo sido escrito há quase 3000 anos por Salomão, rei de Israel, filho de Davi, em sua fase mais sábia, ou seja, após o amadurecimento, numa transcrição de seus pensamentos adquiridos com a vivência e concentrando-se nos fatos da vida nua e crua…
Ele realizou muito: quando coroado rei, pediu a Deus e recebeu sabedoria e adquiriu conhecimento, construiu obras grandes e vistosas, foi o rei mais sábio e rico que já existiu, e desfrutou intensamente todas as honrarias e prazeres sensuais: comida, bebida, mulheres, posses para, ao final, ter em mente a mesma pergunta: que é a vida senão uma sucessão de fatos sem sentido?
Seu propósito principal ao escrever Eclesiastes pode ter sido compartilhar com o próximo, especialmente os jovens, seus pensamentos e seu testemunho, a fim de que outros não cometessem os mesmos enganos e erros que ele cometera, revelando a total futilidade do ser humano em considerar bens materiais e conquistas pessoais como os reais valores da vida.
Ele tentou mostrar às pessoas que elas não deveriam depositar sua confiança em seus próprios esforços, habilidades e justiça, e sim em Deus, e que deveriam comprometer-se com o Senhor e fazer d’Ele a sua única razão para viver.
Na verdade, o livro todo é preenchido com sabedoria:
– prática… que nos ensina a alcançar realizações no mundo e evitar problemas;
– espiritual… sobre como encontrar e conhecer os valores eternos.
ENSINAMENTOS QUE PODEMOS EXTRAIR DE ECLESIASTES 1.1-18
Fazendo uma avaliação do que vale e do que não vale a pena, o pregador começa direto falando sobre o que é a vida, num compromisso de descrevê-la como ela é:
1.1-8 TUDO É VAIDADE
A vida é como uma fumaça, uma neblina que se dissipa e não se sustenta sozinha. Somente Deus, que é o Eterno, pode sustentar e manter a vida; fora de Deus, tudo é vaidade…
Todos os empreendimentos humanos na terra não têm sentido nem propósito quando realizados à parte da vontade de Deus, fora da comunhão com Ele e da sua obra de amor em nossa vida.
E ainda salienta que a própria criação está sujeita à vaidade e à corrupção. Você pode conquistar coisas, conhecimentos, riquezas, mas tudo é efêmero, vai passar… Os ciclos infindáveis da criação de Deus ilustram a monótona futilidade de todas as coisas.
Nesses versículos PODEMOS DESTACAR que o pregador deixa 2 palavras:
_ uma de angústia: a vida não se sustenta por si só…
_ e uma de esperança: uma geração vai, e outra geração vem, mas a terra permanece para sempre, pois Deus a sustenta, como também às pessoas que estão sobre a terra…
1.9-11 NÃO HÁ NADA DE NOVO DEBAIXO DO SOL
Em toda a eternidade, será que houve algum momento em que Deus foi pego de surpresa por algum acontecimento? E nesses nossos tempos, será que Deus foi pego de surpresa com o corona vírus? Não há nada de novo debaixo do sol, nem o corona vírus.
Desde a queda do homem no Éden, há eventos ou disfunções que promovem dor, doenças, desgraças, guerras e mortes. Mas tudo se repete e não há nada de novo…
A terra parece prosseguir no seu caminho predeterminado sem indicar qualquer mudança: nasce o sol, e põe-se o sol, e volta ao lugar de onde nasceu. O vento vai para o sul e faz o seu giro para o norte… todos os ribeiros vão para o mar e, contudo, o mar não se enche; para o lugar para onde os ribeiros vão, para aí tornam eles a ir. O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; de modo que nada há novo debaixo do sol. Há alguma coisa que se possa dizer: Vê, isto é novo? Já foi nos séculos passados, que foram antes de nós…
PODEMOS DESTACAR o que o pregador quer dizer em:
1.9 … O que foi é o que há de ser…
Não há lembrança das coisas que se foram… não é que não ocorram novas invenções ou avanços no desenvolvimento científico e tecnológico, mas somente que não há nenhum novo tipo de atividade: as aspirações, propósitos e desejos da raça humana permanecem os mesmos.
1.12-18 A IGNORÂNCIA É ATREVIDA
O verdadeiro conhecimento promove humildade, compaixão, amor e o falso gera soberba, arrogância, ódio…
O ser humano não consegue descobrir, por si só, qualquer propósito na vida, nem consegue utilizar os recursos produzidos pelo homem para endireitar o que está errado no mundo.
1.15 … “Aquilo que é torto não se pode endireitar; e o que falta não se pode calcular”
A solução consiste em algo superior à sabedoria humana, à filosofia ou ideias humanas. Trata-se da sabedoria que vem do alto (Tg 3.17), “a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos (1 Co 2.7)
Há um tipo de pessoas que, porque sabem um pouco e acham que sabem muito, podem opinar e desrespeitar aqueles que já estudaram muito, leram muito, pesquisaram muito e, porque ficaram imersos somente no conteúdo teórico, se tornaram chatos.
E o Eclesiastes, o sábio nos dá dicas importantes para lidar com o conhecimento: uma das mensurações que podemos fazer para identificar se uma pessoa é sábio ou tolo, independente do conhecimento que ele possa ter, é se ele é humilde pois a humildade é um parâmetro da sabedoria.
No conhecimento do evangelho de Jesus, é incoerente falar de boas novas e amor e se tornar soberbo, arrogante, egoísta, presunçoso.
EM VISTA DESSAS PREMISSAS, NOSSA ORAÇÃO É…
Que possamos compreender sobre a futilidade dos ciclos da vida preocupando-nos em angariar bens materiais, prazeres e conhecimentos se eles não forem baseados nos ensinamentos do Cristo Jesus…
Irene Fleury